sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Lisboa não sejas Francesa

Não namores os franceses

Menina Lisboa

Portugal é meigo às vezes

Mas certas coisas não perdoa

Vê-te bem no espelho

Desse honrado velho

Que o seu belo exemplo atrai

Vei segue o seu leal conselho

Não dês desgostos ao teu pai.

Lisboa não sejas francesa

Com toda a certeza não vais ser feliz

Lisboa que ideia daninha

Vaidosa alfacinha

Casar com paris

Lisboa tens cá namorados

Que dizem coitados

Com as almas na voz

Lisboa não sejas francesa

Tu és Portuguesa

Tu és só pra nós.

Tens amor às lindas fardas

Menina Lisboa

Vê lá bem pra quem te guardas

Donzela sem recato enjoa

Tens ai tenentes

Bravos e valentes

Nados e criados cá

Vá tenha modos mais decentes

Menina caprichosa e má.


MALDITO FADO

Ele era um bom rapaz trabalhador
Um operário leal cumprindo bem
Vinte anos de ilusão brotando em flor
E uma eterna afeição por sua mãe

Mas um dia fatal os companheiros
Levaram-no a uma taberna onde parava
A malta de vadios desordeiros
Dos quais um à guitarra assim cantava

ESTRIBILHO
Um fadinho a soluçar
Faz de nós afugentar
A ideia da própria morte
Mata a dor mata a tristeza
O fado é bendita reza
Dos desgraçados sem sorte
Tem tal choro e mágoa tanta
Quando canta na garganta
De quem canta amargurado
Que o refúgio preferido
Para quem viver dolorido
Está na doçura do fado

Esta triste canção foi mau agoiro
Que a vida lhe viesse transtornar
Tomou gosto à taberna ao matadoiro
E em breve até deixou de trabalhar

Uma ideia tenaz e doentia
Trazia-lhe a cabeça transtornada
Chorar fazia a mãe quando o via
Já ébrio ao regressar de madrugada

Deixando a mãe sem forças para lutar
Vendo a fome do seu lar não se importou
E um dia sem razão sem vacilar
Abriu uma navalha e a assassinou

Para onde se vai sem mais voltar
Condenado ao degredo ele partiu
E quando a mãe tombava sobre o cais
Ao longe a voz dele ainda se ouvia

ESTRIBILHO

Mar Impossível - Luis De Macedo e Raul Ferrão (Fado Carriche)

Na neve mais pura escrevo
As saudades do meu mar:
Tenho saudades da areia
Branca de neve ao luar
Tenho saudades da areia
Branca de neve ao luar

Tenho saudades do vento
Que sopra breve, indeciso
Leve como um pensamento
Do céu azul, calmo e liso.
Leve como um pensamento
Do céu azul, calmo e liso.

Tenho saudades das ondas
Das conchas e das sereias.
Aqui as ondas são poucas
E vivem paredes meias
Aqui as ondas são poucas
E vivem paredes meias.

No coração com a saudade
De não ver o mar sem fim
(Quando não posso cantar
Tenho saudades de mim)
(Quando não posso cantar
Tenho saudades de mim)

Fado Lisboa - Raúl Ferrão / Álvaro Leal

Lisboa casta princesa
Que o manto da realeza
Abres com pejo
No casto beijo.

Lisboa tão linda és
Que tens de rasto aos pés
A magestade
Do Tejo.

Lisbos das Descobertas
De tantas terras desertas
Que deram brado
No seu passado.

De Lisboa tens a coroa
Velha Lisboa da Madragoa
Quantos heróis
Tens criado.

Sete colinas tem teu colo de cetim
Onde as casas são boninas
Espalhadas em jardim.

E no teu seio, certo diz que foi gerado
E cantado pelo povo
Sonhador o nosso fado.