sexta-feira, 10 de outubro de 2008

MALDITO FADO

Ele era um bom rapaz trabalhador
Um operário leal cumprindo bem
Vinte anos de ilusão brotando em flor
E uma eterna afeição por sua mãe

Mas um dia fatal os companheiros
Levaram-no a uma taberna onde parava
A malta de vadios desordeiros
Dos quais um à guitarra assim cantava

ESTRIBILHO
Um fadinho a soluçar
Faz de nós afugentar
A ideia da própria morte
Mata a dor mata a tristeza
O fado é bendita reza
Dos desgraçados sem sorte
Tem tal choro e mágoa tanta
Quando canta na garganta
De quem canta amargurado
Que o refúgio preferido
Para quem viver dolorido
Está na doçura do fado

Esta triste canção foi mau agoiro
Que a vida lhe viesse transtornar
Tomou gosto à taberna ao matadoiro
E em breve até deixou de trabalhar

Uma ideia tenaz e doentia
Trazia-lhe a cabeça transtornada
Chorar fazia a mãe quando o via
Já ébrio ao regressar de madrugada

Deixando a mãe sem forças para lutar
Vendo a fome do seu lar não se importou
E um dia sem razão sem vacilar
Abriu uma navalha e a assassinou

Para onde se vai sem mais voltar
Condenado ao degredo ele partiu
E quando a mãe tombava sobre o cais
Ao longe a voz dele ainda se ouvia

ESTRIBILHO

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